domingo, 3 de outubro de 2010

"Voar é para pássaros" - Pica-pau

Já disse uma vez o Pica-pau, enquanto voava atrás de gansos carregando uma malinha no bico que voar era para os pássaros. Concordo!
Me diz onde Santos Dumont estava com a cabeça quando pensou em botar uma coisa tão grande no céu. Relógio de pulso vai lá, mas avião??? É muito grande, muito pesado, muito barulhento...
Não era bem isso que eu pensava sobre aviões. Antes de vir para Bahia eu tinha viajado de avião duas vezes, uma com 5 anos e outra com 10 anos. Não me lembrava das sensações, nem de nada. Confesso que não era uma coisa que me facinava viajar de avião, mas tbm não fedia nem cheirava, tipo tanto faz...
E aí aconteceu! Entrei no avião com a Luiza, o Henrique, o Pietro e o Francisco. Esse último no sling, bem nem aí para o mundo. O Henrique quicava no seu lugar e o Pietro, depois e sentar no seu lugar continuou pedindo para ir no avião! Tá certo Pi, avião tem cara de ônibus de viagem... E então ele começa a andar e tem aquelas intruções no mínimo macabras sobre o que fazer em emergências. Ai, emergências? Se estivesse no meu carro e algo acontecesse eu desceria e esperaria o guincho, mas despressurização, assento que bóia, meu Deus! Pode cair no mar? Socorro! Pára que eu quero descer!!!!
Enfim ele entra na fila para subir! E começa a andar, depois correr e correr e correr. E quando corre treme pra chuchu. E aí ele começa a inclinar! Opa, saiu do chão! Mas não devia parar de tremer? E sobe tremendo e parece que tem um tijolo na minha cabeça me apertando para baixo. Ai, voar é para pássaros!!!!
Não sei o que houve com ela, mas a Luiza falava mais que a boca! E aí ela fala: "ai, detesto quando ele começa a deixar o avião reto depois de subir." E em seguida o avião começa a ficar "reto". O tijolo sumiu da minha cabeça mas em compensação parece que estamos caindoooooooo. Gente, isso não pode ser uma coisa natural! Ok! A luz do cinto se apaga. Eu solto o Pietro para ele poder olhar na janelinha, mas eu simplesmente não consigo tirar meu cinto. Resolvo que vou tentar, pois queria tentar descontrair. Tiro meu cinto e praticamente me arrasto para o banco do meio. Meus pés estão pesados e não consigo movê-los direito. Minha mãos estão frias e imagino que meu rosto devia estampar o medo! Que absurdooooo!
De repente o avião treme! Turbulência! A luz do cinto acende e eu prendo o Pietro. A Luiza olha com pânico para mim: "Mãe, pq a luz do cinto acendeu?" Minha voz sai falhada: "por causa da turbulência", mas eu tento agir como se tudo fosse a coisa mais normal desse mundo, como se eu não estivesse morrendo de medo hahaha
Hora do lanchinho. Bolinho de chocolate e uma pacotinho de bolhachinhas salgadas. Refri e suco. Para as crianças uma festa! Eu estava com o estômago cheio (de borboletas) e mal consegui tomar meu refri. As crianças se entupiram e eu olhando o relógio para ver se estava perto da hora daquela tortura terminar! O comandate resolve nos informar que estávamos sobre Belo Horizonte em altura (35 mil pés) e velocidade de cruzeiro. Precisava disso mesmo? Pra quê me lembrar que estávamos tão alto??? No acento da frente da Luiza alguém da equipe do Santos FC estava sentado. Comecei tentar observar as pessoas! Como elas agiam com naturalidade, como se voar fosse algo tão normal e comum! Peguei uma revista, tentei me distrair, mas eu estava muito tensa! De repente aquela sensação de queda novamente e a Luiza anuncia que detesta quando o avião faz isso na descida! Pela hora nós estávamos chegando mesmo. O avião parecia que caia e depois subia, caia e depois subia. Eu não contava com esse passeio na montanha russa. A carinha do Francisco era muito engraçadinha. A cada "queda" do avião ele arregalava os olhinhos assustados, mas tão fofo! E de repente curvas e mais curvas. E curvas sobre o mar. E aí, nesse momento acho que foi o único que o meu medo passou! A lembrança da minha ultima viagem de avião e da chegada à Salvador me encheram de alegria! Tá, ainda estava um pouco assustada! Mas aquele mar imenso lá embaixo, aquele céu azul e a visão de Salvador foi o momento mais lindo (acho que o único) da viagem toda! E o avião descia e eu estava sem medo de olhar pela janelinha (boa parte da viagem ela ficou fechada...). E aí o aeroporto e o medo tomou conta de mim! Pista, pista, pista e ele não vai encostar no chão??? Encostou... Mas ele não vai parar??? Eu só relaxei quando a velocidade diminuiu e ele ficou só devagar pela pista. Relaxei tanto que eu poderia encostar e dormir... Levantei meio cambaleante, saí do avião e fiquei tremendo por algum tempo ainda. Não sei se da tensão que passei ou se de fome...
Alguns dias depois uma reportagem na TV fala sobre o medo de avião. E uma coisa me chamou a atenção. Uma psicóloga especialista nesse medo falou que pode ser um medo transitório. Um medo que surge em algum momento da vida por alguma razão e depois some. Uma das razões que ela citou se encaixava direitinho naquele momento da minha vida. ela falou que algumas pessoas desenvolvem esse medo em momentos de mudanças na vida, seja mudança de casa, de trabalho, de carreira. Eu estava de mudança.
Espero ter sido essa a razão de todo o meu pânico. Espero poder voar sem medo. Espero ter que voar novamente daqui há muito tempo, afinal voar é para pássaros.

2 comentários:

Luíza Diener disse...

ai chega me deu vertigem lendo daqui. ahahahah!

valeu pelos comentários lá no blog, lari!
fiquei vários dias tentando imaginar uma mulher querendo te dar pitaco sobre o francisco tendo ela passado por aquilo só uma vez e você quatro.
depois passa! ahahhahh!

e o comentário da chupeta tb. valeu!

beijinhos
:)***

Juliana Ramos disse...

7 filhos e 4 blogs... já sou sua fã!!!
Acabei de passear por todos...adorei!
Bjihos