sábado, 13 de agosto de 2011

"Não importa se eu não sou o que você quer"*

Hoje faz dois anos que descobri que estava grávida do Francisco!  Guardei o segredo por 4 dias, mas para dar a notícia do jeito que eu queria!  Foi gostoso guardar a novidade só para mim.  Eu precisava olhar o teste toda hora, acho que para ter certeza! E então, depois da felicidade minha, do Rafa e das crianças veio o tormento.
O tempo passa mas minha dor continua.  Minha gravidez escondida, como uma adolescente que esconde a barriga da família.  Não me lembro quando foi que contei, mas lembro que foi num impulso.  Sem querer comentei a gravidez em uma lista que participo e em seguida em outra lista tbm.  E de repente eu estava recebendo os parabéns pela nova gestação e isso me inundou de alegria.  Resolvi compartilhar.
Aquele silêncio foi e ainda é o que mais me dói.  Tudo foi dito naquele longo silêncio.  Não precisava de mais nada.  Nada que fosse falado depois poderia amenizar o ensurdecedor som daquele silêncio.  Da imensa felicidade eu despenquei para uma depressão que parecia não ter fim.  Angustia, choro...  Me senti como uma menina de 13 anos grávida e julgada por toda a sociedade. Minha gravidez aos 30 anos.  Minha gravidez invisível, como passei a chamar.  Meu filho crescendo no meu ventre e minha gravidez indesejada (por outras pessoas).  Minha barriga incomodava.  Meu filho incomodava.  Não recebi parabéns.  Ninguém me ligou desejando coisas boas.  Minha barriga crescia e continuava incomodando.  Não parecia um nascimento chegando, parecia uma ferida prestes a supurar.  Um peso que eu carregava resultado da minha inconsequência.  Ali, no meu corpo, para todos verem, estava a marca da minha irresponsabilidade.
Com o tempo, um ou outro coração amoleceu, mas no meu coração o som do silêncio daquele dia ficou.
Tudo mudou.
Francisco nasceu.  Eu pari.  Eu nasci.  E as pessoas esqueceram o silêncio.  Esqueceram o meu pecado.  Mas em mim aquele silêncio que começou no telefone vai ficar pra sempre.  Não se trata de perdoar, de deixar para lá.  Era meu filho chegando.  Era meu coração batendo duas vezes dentro de mim.  Era eu me doando para aquele ser que eu nem conhecia.
Doeu e ainda dói.  E sempre que me lembram que precisamos ser castrados (sim, essa é a palavra que quero usar) eu lembro de toda a dor que senti.  E sempre que olho para meu filho, lembro de tudo que não foi desejado para ele.  E sempre que lembro de tudo isso, vejo como o Francisco é especial.  Tão especial que conseguiu mudar tudo antes mesmo de nascer.  Tão especial que fomos paridos!!!
A aí percebo como tem gente mesquinha de sentimentos.
Mas a vida está aqui.  E hoje faz dois anos que descobri que descobri que essa nova vida estava chegando!
Parabéns Francisco e parabéns para mim!  Que todos possamos ser felizes, ter saúde e uma vida longa!


*Me adora - Pity

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Momento desabafo: modo ON

Queria muito saber o que aconteceu comigo e quando foi.
Lembro que quando a Luiza era bebê eu fiz uma sopinha de beterraba para ela.  Beterraba era uma das sopas preferidas da Luiza.  Naquela época eu batia a sopa no liquidificador.  Então eu fui dar a sopa para ela e arrumei o carrinho na cozinha, ela sentadinha e o pratinho em cima da bancada.  Lembrei que ela não estava de babador e corri para buscar um.  Quando voltei à cozinha a Luiza tinha puxado o pratinho para cima dela!  Ela estava cheia de beterraba, dando risada, toda suja.  Ela, o carrinho, o chão...  E qual foi minha reação?  Saí correndo, peguei a máquina fotográfica e tirei uma foto!  Há 14 anos atrás não tinha máquina digital, era de filme mesmo!  Então eu bati uma foto só, que saiu toda tremida, pois eu ria tanto que não consegui tirar a foto direito!
14 anos se passaram.  Ontem o Pietro estava raspando o prato de sopinha do Francisco (um hábito que ele adquiriu!) e de repente ele olha para mim com o prato na mão e o rosto todo sujo de sopa e fala: "olha mamãe!  Palhacinho!".  E qual foi minha reação?  Eu surtei!  Briguei, reclamei, levei ele para o banheiro e mandei ele lavar o rosto!  Fiquei P#$% da vida!
O que aconteceu comigo?
Ontem li no Facebook várias mães lamentando a volta às aulas pois ficariam longe dos filhos!  Mas minha glória é a volta às aulas!  Mas no passado não foi!
Me sinto cansada, estressada, ranzinza.  Não tenho paciência, não tenho vontade de fazer nada.  Reconheço que estou diferente.  Isso está me desesperando, pois não sei como mudar, como voltar a ser como eu era e como eu planejava ser!
Amo jogos, adoro jogar!  Meu sonho era ter irmãos para jogar vários jogos comigo!  A Luiza mal tinha 3 anos e eu já jogava jogo da memória com ela!  Adorava! Mas agora que ela está maior e que o Henrique já pode participar de alguns jogos eu simplesmente não tenho a menor vontade se sentar com eles e jogar!
Eu não tenho nem vontade de ficar com eles!  O QUE ACONTECEU COMIGO???
Sabe quando a porta do quarto abre e seu filho sai de pijama e fala: "Acordei, mamãe!"?  Esse deveria ser um momento gostoso, mas para mim significa que a droga do meu dia começou!
Quero mudar, quero voltar a ser como antes, mas nem sei por onde começar!  Claro que sempre aparece alguém e fala: faz terapia!  Com qual dinheiro?
Enfim me sinto cansada e não faço ideia do que fazer.  Quero voltar a me sentir mãe.

*Momento desabafo: modo OFF*