sábado, 27 de novembro de 2010

Amor maior?

Há um tempo atrás saiu um comentário em uma lista de discussão que participo sobre a diferença na relação com o filho nascido por cesárea e o filho nascido de um VBAC (parto normal depois de cesárea). Tem difereça no amor, no cuidado, no carinho? No sentimento que se tem por esse filho nascido em um vbac?

Não posso dizer que amo mais o Francisco do que amo a Luiza. A Luiza me mostrou o amor maternal. Lembro como se fosse hoje o sentimento que eu nunca havia experimentado antes toda vez que eu olhava para ela. Foi algo mágico, algo que eu não conseguia explicar, por nunca ter sentido antes. E como eu nunca havia sentido antes eu não entendia e achava tudo maravilhoso! Era tão forte e poderoso aquele sentimento que eu acreditava que jamais poderia sentir aquilo por outro bebê! Como posso dizer que amo mais o Francisco do que a Luiza?

E como posso dizer que amo mais o Francisco do que amo o Henrique? O HEnrique foi meu primeiro menino. Meu tão desejado menino! Eu sempre quis ser mãe de meninos e o Henrique foi o primeiro. Eu sabia assim que fiquei grávida dele que era o meu menino que estava chegando! Quando ele nasceu, aquele amor que eu senti quando a Luiza nasceu foi facilmente reconhecido. Sim, eu era capaz de amar outro bebê! E eu amava meu menino demais!!!!

E como posso dizer que amo mais o Francisco do que o Pietro? O Pietro veio para me ensinar e mostrar um jeito novo de maternar. Me mostrou outros caminhos, me ensinou a ser uma mãe melhor. O Pietro é meu filho passarinho, tão miudinho, magrinho e lindo! Na gravidez dele eu aprendi muito sobre gestação e parto. Depois que ele nasceu eu aprendi muito sobre amamentação, alimentação. Ele me trouxo tudo isso! Ele trouxe meu VBA3C! Como posso dizer que amo mais o Francisco do que o Pietro?

E o Francisco? Amo meu caçulinha lindo! Não amo mais do que amo os outros! Mas alguma coisa mudou, alguma coisa é diferente? Sim. Comparo com um enorme copo de água gelada! Água é água. Precisamos dela e sentimos necessidade de água! Mas um copo de água em um momento qualquer do dia é bem diferente de um copo de água em pleno dezembro escaldante, na 25 de março, no meio daquela muvuca de gente se acotovelando por presentes de Natal. Aquela sede que você sente que a boca chega a ficar seca! Aí você entra em uma lanchonete e fica meia hora só para conseguir comprar uma garrafinha de água que nem gelada está. Aí você abre e toma! E que água mais maravilhosa foi essa que você tomou? Foi uma água deliciosa e você vai saborear cada gotinha dela! E vai ficar feliz e grato por ter conseguido aquela garrafinha, mesmo que não estava gelada!

Meu VBA3C foi tão difícil de conseguir que o sentimento que tenho pelo Francisco é diferente. O Francisco foi meu quarto filho. Água fria! Nada diferente. Aquele amor descomunal que senti pelos outros, aquela emoção ao ver o rostinho dele pela primeira vez, foi tudo igual com os outros filhos. Mas um sentimento diferente ficou. Uma ligação especial. E não foi devido à via de nascimento, não foi o parto normal em si que nos deixou ligados. Acredito que se eu tivesse lutado até o fim e tivesse passado por uma cesárea necessárea, essa ligação, esse vínculo já teria se formado. Olho para ele e sinto uma cumplicidade entre nós. Uma luta, uma batalha que ganhamos juntos. Alguma coisa é maior entre a gente. Certamente não é o amor. E certamente o que fez essa coisa ser maior entre a gente não foi o parto normal, foi a busca por ele. As dificuldades que encontramos, os "nãos", os "... e se...", as dúvidas macabras que nos rondaram durante a gestação toda.

Nossa relação é diferente sim! Não é mais amor. É algo mais! Olho para ele e vejo um lutador, um guerreiro. Muitas crianças nascem de parto normal e um vbac tecnicamente não é mais difícil para o bebê... Mas ele esteve junto comigo nessa luta. Se eu lutei, ele lutou também. Eu pari, mas ele nasceu. E só o fato de termos conseguido juntos um VBA3C já o torna especial para mim!

Não sei dizer o que é. Sei que não é um amor maior. Talvez um dia eu entenda o que é ou talvez um dia esse sentimento passe e fique só o amor. Mas o Francisco é minha garrafinha de água no meu momento de maior sede! Ele é especial para mim!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Excluindo uma postagem!

Tem uma postagem nesse blog sobre uma reclamação de um péssimo atendiemnto que o Pietro teve em um hospital conhecido em São Paulo. Essa semana eu descobri que nos últimos 30 dias 400 pessoas chegaram ao meu blog através de busca no google pelo nome desse hospital. Resolvi tirar essa postagem do meu blog, pois não é esse o foco daqui. Lembro muito bem quando eu estava p*** da vida com o hospital e dei uma busca na internet sobre ele. eu estava brava, irritada e realmente não gostaria de pessoas com esse espírito passando por aqui! Não que estas pessoas não possam passar por aqui. Pelo contrário, são muito bem vindas! Sei que tem pessoas que me seguem e que acharam meu blog através do google por causa desse hospital! Mas 400 visitas por mês só para ver a postagem do hospital é demais! Por isso eu tirei essa postagem desse blog.
Mas eu não queria deixar essa reclamção apagada e por isso eu fiz um novo blog só com a reclamação, assim as pessoas que procurarem por ela, encontrarão. Esse é o Blog. Todos os comentários que foram feitas aqui eu transferi para lá tbm!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Depressão pós-parto, EU???

Tive o parto perfeito, o parto que sonhei, o parto mais lindo do mundo!

O Francisco é um bebê lindo, sorridente, não teve cólicas, não tivemos problemas na amamentação, ele nunca passou a noite acordado, sempre dormiu bem, é sossegado!

Mas veio uma tristeza sem fim quando o Francisco estava com uns dois meses. Mas logo eu achava um culpado: Quem pode ser feliz com problemas financeiros? Quem pode ser feliz morando em um apartamento tão pequeno com 4 filhos? Não dá para ser feliz tendo que limpar bandeja de gatos que fazem cocô toda hora! E como ser feliz sendo dona de casa? É por isso que eu estou tão triste!

E além de triste eu estava sem paciência para nada e com ninguém. Mas como ser paciente com 4 filhos? Não dá para ter paciência com um menininho de 2 anos querendo chamar a atenção! Não dá para ser paciente com crises de adolescente! Não dá!

Triste, sem paciência, desanimada! Mas qualquer um ficaria desanimado morando aqui nesse apartamento com 4 filhos e 3 gatos. Qualquer um não teria vontade de fazer nada aqui!

Além de triste, sem paciência, desanimada, eu também estava irritada com tudo, sonolenta e com vontade de sumir! Mas eu achava que tinha uma razão bem lógica e obvia para tudo isso! Afinal minha vida estava muito ruim! Era assim que eu enxergava!

Mudei de cidade, praticamente mudei de vida! Altos e baixos. Dias bons, dias ruins. Mas sempre achando uma justificativa para tudo isso! Lentamente as coisas foram se agravando. Por mim eu ficaria o dia inteiro sentada na cama dando mamá para o Francisco e só! E os outros filhos e marido? Poderiam simplesmente desaparecer de um dia pro outro! Eu conhecia muito bem esses sintomas, mas seria possível? Sim, de novo!

Tive depressão pós parto quando o Henrique nasceu. Todo o primeiro ano de vida dele eu tenho somente uma lembrança embaçada. Não me lembro muita coisa. Lembro dos momentos especiais: quando ele engatinhou, quando andou e poucas outras coisas. Eu tinha um ciúme fora do comum do Henrique e só eu parecia saber cuidar dele direito. Não podia nem pensar em ter mais filhos. Melhorei quando ele tinha 1 ano.

Quando tive o Pietro eu fiquei bem, não tive nada. Tenho lembranças claras do primeiro ano dele, eu me sentia feliz, animada, morria de vontade de ter mais um filho logo.

E aí veio um filho desejado com um parto desejado e lindo. Tudo perfeito! Como eu poderia estar sentindo tudo tão parecido com o que senti quando o Henrique nasceu? Sim, eu estou com depressão pós parto.

Já ouvi que depressão pós parto não existe. Que isso é invenção da mulher. Que é para chamar a atenção... Já ouvi muita bobagem sobre isso. Mas a depressão pós parto existe sim e afeta cada mulher de um jeito diferente. Eu fico assim: triste, implicante, irritada, sem paciência, desanimada, sonolenta, com vontade de me isolar. Não rejeito o bebê. Na verdade fico querendo ele mais perto de mim. Sinto como se o BB fosse o único que não vai me julgar. Dessa vez eu não estou com ciúmes do Francisco, mas é o único filho que quero por perto. É muito triste todos esses sentimentos. Ainda mais para mim que tenho praticamente tudo o que quero. Tenho os filhos que quis ter, tenho minha linda família, tive meu tão desejado e sonhado VBA3C que eu posso dizer com muito orgulho que consegui praticamente sozinha, tenho filhos lindos, saudáveis e felizes. Hoje moro em uma casa enorme e linda. Posso não ter dinheiro, mas isso não é o que mais importa na vida hehehehe Como posso ter esses sentimentos tão horríveis? Como posso deixar esses sentimentos me transformarem tanto?

Assim que reconheci os sintomas e ACEITEI a depressão pós parto eu procurei ajuda. Estou tratando com florais e homeopatia. Comecei o tratamento há pouco tempo, menos de uma semana, e ainda não tenho muitos resultados. Mas sei que vou superar mais essa assim como superei da outra vez.

Tenho dias bons e dias ruins. Tem dias que estou bem, que brinco com as crianças, me divirto, me sinto feliz e animada. Em contrapartida fico dias me sentindo mal. O pior é ter que fingir. Eu não consigo deixar transparecer. Eu não consigo sair de casa e ficar com a cara triste. Costumo estampar meu melhor sorriso e fingir estar bem! Eu acho bem mais fácil uma cara feliz, pois ninguém vem fazer perguntas. Uma cara triste sempre traz a pergunta: “o que você tem?”. E eu não vou me abrir para qualquer um.

A depressão pós parto é assim. Acho que para a maioria das mulheres é meio vergonhosa. Principalmente para aquelas que tem tudo, como eu. Quando a mulher engravidou sem querer, teve um parto ruim, se separou ou está passando por um momento difícil aos olhos da sociedade, fica mais fácil assumir, pois vai ter um culpado. Algo como “Ah! Ela teve depressão pós parto pois engravidou sem desejar” ou “Ela teve depressão pós parto pois acabou de se separar do marido/é mãe solteira/perdeu o emprego assim que voltou da licença...”. Não estou menosprezando esses problemas, mas para a família, amigos e conhecidos fica bem mais fácil entender a depressão pós parto quando tem um problema visível. Mas e quando a vida parece perfeita e você vive a vida que escolheu para si? Aí os comentários são outros: “Isso é o que você escolheu” ou “Você que quis assim” ou “você que quis ter um monte de filhos”... Sim, eu que escolhi tudo isso que eu vivo e sou muito feliz por ter tudo o que sempre sonhei (menos dinheiro hehehe), mas não estou feliz nesse momento. Espero dar a volta por cima e logo lembrar desse período como um sonho ruim ou um pesadelo.

Escrevi esse texto para mostrar que a depressão pós parto não escolhe mulheres tristes. Ela apenas surge em qualquer mulher, forte, fraca, feliz ou triste, que estejam passando por momentos difíceis na vida ou que estejam vivendo a vida que pediram à Deus, que tenham passado por coisas tristes ou que tenham passado pelos momentos mais gloriosos da sua vida! Ela simplesmente vem e o que temos que fazer é reconhecer, assumir e tratar!

E vida nova depois disso é o que espero!